quarta-feira, 4 de maio de 2011

Capitulo VI

Este capítulo começa com Baltasar Sete-Sóis a realçar a importância do pão para os portugueses e o facto dos estrangeiros que vivem em Portugal estarem fartos de comer pão. Assim eles produziram e trouxeram dos seus países os seus alimentos e vendiam-nos muito mais caros sendo difícil aos portugueses comprarem-nos. Depois Baltasar conta a história caricata de uma frota francesa; quando ela chegou a Portugal, os portugueses pensavam que vinha invadir o nosso país, afinal tratava-se de um carregamento de bacalhau.
No decorrer do capítulo Baltasar fala com o padre Bartolomeu Lourenço, Bartolomeu diz sonhar que um dia conseguirá voar e disse a Baltasar que o Homem primeiro tropeça, depois anda, depois corre e um dia voará. Baltasar dá a sua opinião argumentando que para o homem voar terá que nascer com asas. O padre Bartolomeu alerta Baltasar para o facto de ser um pecado ele dormir com Blimunda sem serem casados. Depois Baltasar e Bartolomeu vão para S. Sebastião da Pedreira para verem a máquina que Bartolomeu inventou para um dia poder voar e à qual chamou passarola. Quando chegaram, Bartolomeu mostrou o desenho da passarola a Baltasar explicando-lhe como é que tencionava fazê-Ia voar. Após a explicação, Bartolomeu pede-lhe para o ajudar na construção da passarola. Inicialmente Baltasar mostra-se receoso em aceitar a proposta, mas depois de Bartolomeu dizer que o facto de Baltasar ser maneta não tem importância, então este aceita o desafio.

A linguagem e o estilo

São utilizadas numerosas figuras de estilo como metáforas, comparações, antíteses, hipérboles, etc.Mas destaca-se a ironia através da qual o narrador faz criticas sobretudo ao rei e ao clero. Há também ironia nas discrição do auto-de-fé ou das procissões. Os registos de língua utilizados variam entre a linguagem cuidada, complexa, literária e a linguagem familiar e até popular ( adequada as personagens do povo).

As frases são extensas, próximas do discurso oral ou traduzindo o interior das personagens.

Há muitas enumerações, polissindentos  e paralelismos.

A pontuação e o aspecto mais invulgar na obra de Saramago. São apenas utilizadas o ponto final e a virgula. Não a pontos de interrogação, nem de exclamação e os diálogos não são assinalados com dois pontos e travessão.

A pontuação (ou a sua ausência) é um dos contributos mais importantes para a originalidade da obra.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A dimensão simbólica

Personagens Simbólicas 

Baltasar e Blimunda - personagens diferentes ( ele fisicamente; ela pelos poderes espirituais).
Ele e o demiurgo que cria a passarola.
A sua relação com Belimunda é baseada no silencio, no consentimento mútuo e implícito  de ambos numa vida em comum. Juntos completam-se, o sol / a lua, o dia / a noite, a luz / a sombra, a união dos opostos, o universo divino e o universo humano.

Padre Bartolomeu Lourenço - é um ser fragmentário, dividido entre a religião e a alquimia. Simboliza a inspiração humana que esta subjacente ao voo da passarola, através das "vontades", substituindo o dogmatismo religioso pelo humanismo.

Domenico Scarlatti - Representa o transcendente que advém da música e que, ligado aos poderes de Belimunda, instaura o domínio do maravilhoso na obra.
Simboliza a ascensão do homem através da música.

Elementos Simbólicos.

Sete - É a soma dos pontos cardeais com a trindade divina; representa a totalidade do universo em movimento.
(Sete-sóis; sete-luas; Belimunda encontra Baltazar na sétima vez em que passa por Lisboa).

Nove - Representa a gestação, a renovação e o renacimento (Blimunda procura Baltazar durante nove dias)

Passarola - é o ele de ligação entre o céu e a terra, representa a alma humana que ascende aos céus. Simboliza a libertação do espírito e a personagem a um outro estado de existência. 

Narrador

Presença

Em "Memorial  do Convento" o narrador geralmente não é participante ou é heterodiegético , isto é, a narração é feita em 3º pessoa. Por vezes, surge um narrador homodiegético, com narração com narração, quer na 1º pessoa do singular, quer na 1º pessoa do plural (ex: pagina. 35 onde uma personagem da história revela as suas próprias vivências. 

Focalização

Omnisciente - (é a predominante; o narrador conhece profundamente factos e personagens).

Interna - (adopta a perspectiva de uma personagem ao contar a historia; por exemplo quando Sebastiana  Maria de Jesus relata a sua situação no auto-de-fé).

Interventiva - corresponde aos comentários do narrador, a sua opinião sobre os factos.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O tempo

Tempo da história

1711- D. João V ainda não fizera 22 anos.
1717- bênção da 1º pedra do Convento de Mafra.
1730- 41º aniversario do rei; sagração do convento.
1739- Blimunda vê Baltasar a ser queimado, em Lisboa, num auto-de-fé; fim da acção.

A passagem do tempo é sugerida pelas transformações sofridas pelas personagens, por alguns espaços e objectivos ao longo da obra.

 O tempo discurso
    O narrador não respeita a ordem cronológica dos acontecimentos, por isso utiliza analepses ( recuos no tempo) e prolepses (avanços no tempo).

Espaço social

    -Procissão da Quaresma ( penitência física e mortificação da alma após os excessos de Entrudo; crítica às falsas manifestações de fé).
    -Autos-de-fé( perseguição de judeus, cristãos-novos e acusados de bruxaria pela inquisição; para o povo é um dia de festa; as mulheres exibem as toilette e entregam-se a jogos de sedução; é num auto-de-fé que Blimunda e Baltazar se conhecem.
    -Tourada ( tortura dos touros e desinibição dos assistentes)
    -Procissão do corpo de Deus ( crítica á forma como as pessoas vivem a religião; estas procissões eram momentos de histeria colectiva de pessoas que se batem a si próprias e aos outros).

Lisboa é um espaço caótico, dominado por rituais religiosos. A capital simboliza o espaço infecto, alimentado pelo ódio( aos judeus e cristãos-novos), pela corrupção da Igreja, pelo poder repressivo e hipócrita do Santo Oficio e pelo poder autociatico do rei.

    -O trabalho no convento (Mafra é o espaço de servidão desumana a que D. João V sujeitou todos os seus súbditos para alimentar a sua vaidade).
    - A miséria no Alentejo.
   - O cortejo real.

O espaço físico

      Lisboa:
         Terreiro do paço-local onde Baltasar trabalha num açougue,após a sua chegada a Lisboa.
         Rossio-espaço onde decorre os autos-de-fé
         S.Sebastião da Pedreira-espaço onde é construída a passarola

Mafra-local da construção do convento;local onde vivem os trabalhadores em péssimas condições.
Outros espaços: Pêro Pinheiro, Serra do Barregudo, Monte junto, Torres Vedras, Alentejo (espaço de miséria, de mendigos e de salteadores; também é o espaço por onde passa o cortejo para a casamento dos príncipes).
                        
Terreiro do Paço

Rossio

Convento de Mafra